segunda-feira, 9 de abril de 2012

Mediocridade paga - Jornal Correio Uberlândia


Ponto de Vista


Imagine uma escola na qual os alunos podem escolher o que gostariam de aprender desde a alfabetização. Tabuada do 7? Muito difícil, professor, quero aprender só até a do 5. Conjugação de verbos? Pra quê, se as pessoas acham que “se eu te pego” está certo? Física, Química? Videogame é melhor. História, tudo bem, mas só se for pra falar da biografia dos Big Brothers, não desses caras que só estão no museu.
Essa escola existe. Na verdade, existem várias em Minas Gerais. Elas se chamam “Conservatório Estadual de Música”.
Os professores contratados dos conservatórios estaduais são reféns dos alunos. O pagamento do docente está vinculado ao número de alunos matriculados, e como o vencimento integral já é dos mais baixos do país, o professor precisa manter o aluno a qualquer custo para garantir sua sobrevivência. Sabendo disso, o aluno sente-se à vontade para escolher o que aprender. Ao primeiro sinal de dificuldade, o estudante abandona o curso e o professor vê seu salário diminuído.
O resultado é igual ao de uma escola que deixa de ensinar sobre a revolução francesa para falar da biografia de um ator de TV. Embora a cada ano entrem apenas no Conservatório de Uberlândia cerca de 1,5 mil alunos, em média formam-se 25, dos quais cerca de dez trabalham na área. São resultados insatisfatórios para instituições de ensino cuja principal finalidade é formar profissionais.
Também se pode verificar o fracasso dos conservatórios estaduais de Música de Minas Gerais qualitativamente. Como professor do curso de Música da Universidade Federal de Uberlândia, tenho verificado que os alunos oriundos do Conservatório de Uberlândia, Araguari e Uberaba, em geral, são os mais fracos calouros, com a formação mais falha, os piores instrumentos, o repertório mais pobre, e as limitações mais graves. Embora seja função de os conservatórios estaduais formarem profissionais da música, até projetos sociais sem ambições, como os de Catalão (GO), preparam melhor os vestibulandos que os conservatórios.
É claro que nos conservatórios há histórias de sucesso. Encontramos neles professores e alunos apaixonados pela música. É natural que em cada turma de 1,5 mil haja quatro ou cinco alunos que se tornem bons músicos. Mas esse sucesso ocorre ‘apesar’ da forma como os conservatórios funcionam, não ‘por causa de’ como eles funcionam.
Há duas grandes vítimas desse sistema: o professor, obrigado a perpetuar a mediocridade na sua sala de aula, e o principal acusado de formar péssimos alunos. A outra é a sociedade, que desperdiça milhões por mês em escolas profissionalizantes que não conseguem formar 1% de profissionais por turma. Um país que tem falta de mão de obra qualificada não pode ter tal desperdício de dinheiro público.
A solução é simples: fixar o salário do professor à sua disponibilidade de horário e montar um currículo adequado para um curso profissional. O aluno que cumprir o programa é aprovado. O que não quer ou não é capaz é reprovado, sem diminuição do salário do professor. É só assim que as escolas formam alunos que sabem como resolver uma equação de segundo grau. É só assim que uma escola profissionalizante será capaz de formar profissionais.

Álvaro Henrique
Professor de Música na Universidade Federal de Uberlândia



Resposta à publicação do professor Álvaro Henrique (Universidade Federal de Uberlândia) no Jornal Correio de Uberlândia



"Assim como a Janaína Santiago disse, eu como aluna das duas instituições, gostaria de saber quais foram os meios que fizeram chegar a tal conclusão. Você já parou para pensar que mesmo tendo alunos comprometidos com o trabalho realizado ali dentro existem aqueles que não estão preparados para assumir e seguir a carreira musical sendo que o país ainda é muito carente de cultura?
Como professor universitário acho que você cometeu um erro grave dizendo tanta coisa ruim de uma rede de ensino do qual todos ou grande maioria dos seus alunos fazem parte, se hoje existe a faculdade de música (que dá seu emprego) é graças aos músicos formados nos conservatórios.
Eu como aluna do Conservatório Estadual de Música Cora Pavan Capparelli posso afirmar que meus professores nunca me deram "mole" existe um programa a ser seguido e digo que levei sim peças que gostaria de tocar que não se enquadram no programa e de acordo com minhas dificuldades e limitações meus professores inseriram no programa as minhas escolhas e em outros momentos quando o programa já não supria minhas necessidades e eu precisava de mais do que o ele oferecia. Se hoje sou musicista e estou fazendo faculdade de música é graças ao conservatório e eu sou eternamente grata por TODOS os profissionais que me deram suporte nos meus 11 anos de ensino fundamental e técnico."

Esther Souza
Aluna de Música na Universidade Federal de Uberlândia
Aluna de Música no Conservatório Estadual de Música Cora Pavan Capparelli




Acompanhem pelo link (Clique Aqui) os comentários de alunos e professores em relação à publicação.

Um comentário:

  1. Bom! Primeiro ele não é professor adjunto e sim um simples contratado querendo tecer comentário que não condiz a realidade dos conservatório. O que esse professor sabe sobre educação musical e quais os meios e suas vertentes? Ele conhece o plano pedagógico de todos os conservatórios de Minas? Qual é a pesquisa, e quais os fundamentos teóricos que se baseou?Gostaria muito de
    poder ler a pesquisa (falha) que ele fez, Todos nós professores, temos a leis e a portes teóricos para poder desenvolver
    metodologias para cada especificidade. Tenho certeza de que ele não se quer entrou em um Conservatório de Minas para desenvolver sua pesquisa, conclusões empíricas é claramente vista,considerando assim, o professor é um exímio Educador Musical e um excelente performance com sua capacidade de desenvolvimento instalada
    em seu genótipo, colocando em vista que já nasceu com uma capacidade cognitiva inata com fundamentações exatas para explicitar esse comentário ignorante a respeito da Educação Musical dos Conservatórios de Minas e a "Burrice" dos mesmo

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